As diferentes idas e vindas
Assim é a vida, uma imensa rodoviária, na qual esperamos ou nos despedimos de alguém; partimos ou chegamos; choramos ou sorrimos.
Nesses últimos dias, assisti uma reportagem sobre o terminal rodoviário do Tiête, que fica em São Paulo e é o maior do Brasil. A matéria falava sobre a rotina da rodoviária durante o período natalino. Mas como eu penso demais, fiz uns paralelos e enxerguei outras coisas como encontros, reencontros e desencontros, afinal, as pessoas que por ali passam não estão preocupadas com outra coisa senão em chegar ou partir.
Trago dois bons exemplos para partilhar. Um é alegre, o outro, nem tanto...
Emanuel tem 11 anos e há alguns dias atrás a mãe dele fez uma “longa viagem”, assim, meio sem avisar. Não deu nem tempo de “arrumar as malas” nem de avisar ao filho ou ao marido. Ela simplesmente partiu. A viagem que fez não tem volta, pois o trem que Regina pegou partiu para além do arco-íris, onde os olhos não alcançam devido às nossas limitações. Ou será por causa da luminosidade das cores que o compõe? Bem, isso eu ainda não sei. O que sei, e a impressão que tive, é que esse tipo de viagem é meio complicado de se entender. Será que para a Regina também não foi duro? Porque entrar num trem desses assim, “sem mala”, sem despedida, é meio confuso. Com certeza ela não queria partir, e deve ter sido colocada meio sem querer...
Outra história é a da Clarissa, uma amiga que teve de assistir o grande amor de sua vida “comprar” uma passagem para um lugar chamado solidão. O namorado andava confuso, apesar do imenso sentimento entre ambos. E esse, por sua vez, também não “arrumou as malas”. Pegou só o que pôde. O básico. Deixando pra trás uma grande “bagagem”. A viagem durou quinze dias, mas ele não desembarcou em outra estação. Simplesmente ficou no trem da vida. Até criar coragem e voltar ao seu lugar de origem: o coração de minha amiga.
Mas enfim, o que fica dessas histórias é que existem viagens que não são programadas e, infelizmente, tanto pra quem parte como pra quem fica a dor é igual. Quanto às viagens impensadas, como essa feita pelo namorado de minha amiga, podemos chegar a conclusão de que devemos pensar muito antes de agir. Pois se pegarmos um “trem errado”, podemos não encontrar na estação quem ficou nos esperando...
“Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero”
Milton Nascimento e Fernando Brant
Por Angélica Goiana
Colunista Rmm
categoria: Angelica Goiana
este blog é tudo que há e o vestido da chica eu vou ganhar