Crônica - Uma viagem em família

Era mais uma de nossas viagens de carro e o destino era a cidade de Natal-Rio Grande do Norte.

Aproximadamente seis horas de viagem com paisagens que dificilmente mostravam algo de interessante. A solução dos nossos problemas, para sair do tédio nesses casos, é pôr em prática o nosso repertório de músicas de viagens. E assim eu e meus irmãos fizemos durante um bom tempo, até que nossas principais necessidades surgissem.

- Pai, eu tô com sede.
- Pai, eu tô com fome.
- Pai, eu quero ir ao banheiro.

E nosso pai usava aquela resposta de sempre para nossa imensa frustração.

- Tá vendo aquela casa bem ali?! Não é ali que a gente vai parar, é só depois.

Depois de muito esperar, eis que ele resolve finalmente parar. Era uma casa no meio do nada que dizia em letras pintadas na parede ser um restaurante e que serviam galinha caipira. Saímos do carro e sentamos á mesa, observando atentamente o local e as pessoas que ali estavam. Eu me distraí com minha irmã comentando sobre as roupas estranhas que um velho senhor estava vestindo até que recebi o sinal. Eu precisava ir ao banheiro e rápido. A vontade de fazer xixi não havia passado. Chamei minha irmã para ir comigo – porque mulher não vai ao banheiro sozinha quando pode ir acompanhada – e ela aceitou, pois queria usá-lo para o mesmo fim.

- Senhora, onde é o banheiro por favor?
- É bem ali no quintal minha filha...

No quintal. Sim... a tensão teve seu início. Fomos ao quintal de terra batida e encontramos uma porta de madeira com várias frestas. Entramos e paramos. Não demos mais nenhum passo porque o espaço era muito pequeno. Olhei para o lado e uma cueca enorme estava pendurada num prego. Não havia pia. Privada? Não... também não havia privada. Diante de nós, uma espécie de batente de cimento com um enorme cano de PVC no meio e não pasmem quando eu digo que ele estava sujo em sua borda. Sim senhores... sujo do número 2!

Eu e minha irmã segurávamos o riso para que nenhum constrangimento fosse causado quando saíssemos dali. E como a necessidade era grande e ainda havia muita estrada pela frente, reuni minhas forças e toda a habilidade que cabia a mim naquele momento para conseguir fazer o meu xixi sem ter que tocar naquela privada improvisada! Hoje posso dizer que sou uma vencedora! Minha irmã não teve tanta habilidade, mas deixemos para lá esses detalhes...

Respiramos fundo e saímos do banheiro.

- Senhora, onde podemos lavar as mãos?
- Ali minha filha, naquela bacia.

Chegamos onde estavam nossos pais e nosso irmão com aquelas caras de quem teve uma experiência tensa. Contamos avidamente todos os detalhes, sem deixar de dramatizar, enquanto eles caíam na risada... Mas percebemos que meu irmão e minha mãe riam daquele momento de uma forma muito intensa...

- Mãe, foi bad trip! O banheiro minúsculo e o cano de PVC ainda tava sujo Mãe! Do número 2! Isso é um absurdo...

Então, ela me responde quase sem ar de tanto rir...

- Eu sei minha filha! Foi o seu irmão que foi lá antes de você!


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