Frequência em Sex Shop ainda é tabu

O rapaz está do outro lado da rua. Ele atravessa, chega perto da vitrine, olha de canto de olho para dentro da loja e, mais do que depressa, entra. A atendente abre um largo sorriso. O cliente começa a ver vibradores, que preenchem a prateleira.

Um homem entra em seguida, e o rapaz que estava dentro da loja sai depressa.

A vendedora não entende, mas atende o homem recém chegado. Alguns dias depois, o rapaz timido volta, e dessa vez não se prolonga. Pega rapidamente um vibrador na prateleira.

A vendedora, ao embrulhar a mercadoria, conversa com o cliente que está tenso. Ela pergunta se ele precisa de mais alguma coisa ou se tem dúvidas no uso do objeto. O rapaz responde que não, e logo explica que a mercadoria não é para ele, mas para sua namorada. Ele imediatamente sai da loja.

A história acima é corriqueira nas lojas de sex shop. A loja é alvo de pessoas que procuram renovação e diferencial no relacionamento sexual. Tais comercializações são de fantasias, camisinhas, pomadas e géis estimuladores, lubrificantes, vibradores, entre outros. Apesar disso, quando o assunto é sexo, ainda há os que evitam ou não querem se expor nessa discussão.

Por ser algo polêmico e que interfere com a moral e os bons costumes da sociedade, o sex shop é um local de vendas mais reservado.

Proprietário há dois anos da loja Sexy Mania, localizada no Centro de Santos, Gilberto Regis aposta em panfletos e divulgação em listas telefônicas para melhor frequência de clientes em sua loja. Seu estabelecimento é também vídeo locadora de único gênero, filmes eróticos.

“Alguns homens ficam com vergonha quando me encontram atrás do balcão, mas sempre converso e brinco para descontrair e deixar a pessoa mais à vontade” (Priscila Barbosa da Silva)Gilberto conta que a procura por vídeos é mais frequente pelos homens, já as mulheres procuraram mais os produtos. “Os produtos variam do lubrificante de R$ 3 aos vibradores a partir de R$100”.

A clientela de um sex shop tem que ser abordada de forma discreta. “Se vemos que a pessoa está tímida, a gente procura deixá-la mais à vontade para conhecer a loja”.

O proprietário dá preferência a vendedores homens. “A mulher até fica constrangida com vendedores homens, mas acho que o cliente homem fica mais constrangido com vendedoras mulheres”.

Já a vendedora da loja Tempero do Amor, Priscila Barbosa da Silva, aposta no jeito descontraído e no humor para deixar o cliente à vontade. “Alguns homens ficam com vergonha quando me encontram atrás do balcão, mas sempre converso e brinco para descontrair e deixar a pessoa mais à vontade”.

Priscila também conta que procura estar sempre atualizada. “Na hora de vender, eu explico de um modo mais descontraído possível para o que serve e como usar, já que não vem escrito na embalagem. Sempre procuro saber para informar melhor o cliente, porque se às vezes a gente não explica, pode-se usar o produto errado e achar que o produto não é bom, e não é assim”.

Casos- A idade do público que vai ao Sex Shop é variada. Segundo a vendedora, até senhoras o frequentam. “Uma vez veio uma senhora aqui e comprou um vibrador. Ela ficou com muita vergonha e depois me explicou que o médico disse que não estava conseguindo mais examiná-la por conta do fechamento da vagina e pediu para ela começar a usar como forma para não fechar totalmente”.

O produto mais caro é o extensor de pênis que custa por volta de R$ 300. Ele ajuda na doença de Peyronie, onde o pênis é torto. “Esse aparelho faz com que o pênis desentorte. Uma cliente veio aqui, informou ser casada e queria uma coisa que salvasse o casamento dela, pois o pênis do marido era torto e machucava na hora do sexo. Então ela levou o extensor e depois de um tempo voltou agradecendo e dizendo que o produto salvou o casamento. Lógico que o extensor não vai desentortar logo de uma vez, tem que usar de acordo com as instruções, tem até um CD explicando como usá-lo”.

Os casais também vão à procura de mercadorias para apimentar o relacionamento. “Uma vez veio um casal. A moça escolheu um vibrador e o marido pagou. Eles levaram até mais algumas coisas, como pomadas e bolinhas excitantes. Eu achei o cara mente aberta, porque muitos homens têm receio de serem trocados por um vibrador, mas é melhor ser trocado por um objeto do que por outro homem, porque ai o problema seria ele por inteiro e o vibrador não, é só aquela partizinha. Às vezes, um de borracha te leva nas alturas e um de verdade não”

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