Eclâmpsia e Pré-eclâmpsia, vamos entender sobre o assunto?


A eclâmpsia e a pré-eclâmpsia são complicações graves, associadas ao descontrole da pressão arterial, que podem surgir na fase final da gestação.

1) Pré-Eclâmpsia

Existem 4 tipos de hipertensão que podem ocorrer durante a gravidez (chamamos de hipertensão quando há pressões arteriais maiores que 140/90 mmHg.

1- Hipertensão crônica - É aquela que já existia antes da gravidez e continuará existindo durante e depois.

2- Hipertensão gestacional - É a hipertensão que aparece depois da 20ª semana de gestação em mulheres que nunca tiveram pressão arterial alta.

3- Pré-eclâmpsia é o surgimento de pressão arterial alta após a 20ª semana de gravidez associado a perda de proteínas na urina, chamada de proteinúria. A pré-eclâmpsia cura-se após o parto.

4- Pré-eclâmpsia superposta a hipertensão crônica é a pré-eclâmpsia que ocorre em mulheres previamente hipertensas.

A pré-eclâmpsia parece ocorrer devido a problemas no desenvolvimento dos vasos da placenta no início da gravidez durante a implantação da mesma no útero. Conforme a gravidez se desenvolve e a placenta cresce, a falta de uma vascularização perfeita leva a uma baixa perfusão de sangue, podendo causar uma isquemia placentária. A placenta em sofrimento por falta de circulação adequada produz uma série de substância que ao caírem na circulação sanguínea materna causa descontrole da pressão arterial e lesão nos rins.

Fatores de risco para pré-eclâmpsia:

- Gravidez em mulheres com idade maior que 40 anos ou menor que 18
- História familiar de pré-eclâmpsia (inclusive na família do pai)
- Pré-eclâmpsia em uma gestação anterior
- Gravidez múltipla (gêmeos, trigêmios etc...)
- Mulheres previamente hipertensas (hipertensão crônica)
- Obesidade 
- Diabetes mellitus
- Doença renal crônicas
- Intervalo de tempo prolongado entre gestações.
- Gestantes com doenças auto-imunes 
- Primeira gestação

Sintomas da pré-eclâmpsia

A pré-eclâmpsia ocorre em 5% a 10% das gestações. 75% dos casos são leves e 25% são graves. Pode surgir em qualquer momento da gravidez entre a 20ª semana até alguns dias após o parto.

A hipertensão que surge após a 20ª semana de gestação é o sintoma mais comum. Porém, para se caracterizar pré-eclâmpsia e não apenas hipertensão gestacional, é preciso que haja também a presença de proteinúria (pelo menos 300 mg de proteínas em exame de urina de 24 horas. 

Praticamente toda gestante apresenta edemas (inchaços), porém, uma piora rápida e súbita dos edemas, principalmente acometendo o rosto e mãos, pode ser um sinal de pré-eclâmpsia.

Síndrome HELLP

A síndrome HELLP é a forma grave de pré-eclâmpsia. Esta é a sigla em inglês para os termos hemólise (hemolisys), enzimas do fígado elevadas (elevated liver enzymes) e plaquetas baixas (low platelets).

- Hemólise significa destruição das hemácias (glóbulos vermelhos), o que leva ao aparecimento da anemia hemolítica.

- O aumento das enzimas do fígado (TGO e TGP) é um sinal de lesão hepática, o que não deixa de ser um tipo de hepatite associada a pré-eclâmpsia. 

- Assim como há hemólise, também ocorre destruição das plaquetas, o que acaba por causar redução da concentração das mesmas na circulação sanguínea.

Além síndrome HELLP, existem outras manifestações da pré-eclampsia grave como alterações neurológicas tipo visão borrada, cefaléias, confusão mental e até crise convulsiva. Quando esta última ocorre, estamos diante do quadro de eclâmpsia, explicado mais adiante.

Pressões arteriais acima de 160/110 mmHg, forte dor abdominal, proteinúria acima de 5 gramas (5000 mg) por dia, diminuição importante do volume de urina, edema pulmonar e grave falha de crescimento do feto são outros sinais e sintomas de pré-eclâmpsia grave.

Em relação ao feto, os riscos da pré-eclâmpsia incluem descolamento prematura da placenta, baixo crescimento e desenvolvimento intra-uterino e parto prematuro.

Tratamento da pré-eclâmpsia

O tratamento definitivo é a indução do parto. Nem sempre a pré-eclâmpsia ocorre em idades gestacionais que permitam a indução do parto sem prejuízos para o feto. Por outro lado, a não finalização da gravidez pode trazer consequências sérias para a mãe. Portanto, a decisão de se induzir o parto ou prolongar a gravidez deve levar em consideração a idade gestacional, a gravidade da pré-eclâmpsia e as condições de saúde mãe e do feto.

Em alguns casos pode-se indicar o internamento da mãe para um acompanhamento mais próximo da progressão da doença, tentando postergar o parto para o mais próximo possível da 40ª semana de gestação. Sempre que possível, a preferência é pelo parto normal.

Hipertensão arterial deve ser controlada, porém isso não interfere no curso da doença nem na mortalidade materna/fetal. É importante lembrar que alguns anti-hipertensivos famosos como o Enalapril, captopril e Adalat® são contraindicados na gestação. O controle da pressão arterial na gravidez deve ser feito somente sob orientação do ginecologista-obstetra.

O uso de corticoides está indicado para tratar temporariamente as complicações da síndrome HELLP, mas principalmente para acelerar a maturação dos pulmões do feto em caso de necessidade de indução do parto antes do termo.

A prevenção das crises convulsivas é importante e pode ser feita com a administração de sulfato de magnésio logo antes do parto.

2) Eclâmpsia

A eclâmpsia é o grau mais grave do espectro da hipertensão na gravidez, que inclui a hipertensão gestacional, a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia propriamente dita.

A caracterização da eclâmpsia se dá pela presença de uma ou mais crises convulsivas em uma gestante com pré-eclampsia já estabelecida.

Ao contrário do que se pensava antigamente e do que os nomes pré-eclâmpsia e eclâmpsias possam sugerir, uma doença não é evolução a outra. A eclâmpsia é na verdade apenas uma manifestação grave da pré-eclâmpsia.

Na verdade, a imensa maioria das gestantes com pré-eclâmpsia grave não irá apresentar eclâmpsia, e a apesar de pouco comum, mulheres com pré-eclâmpsia leve podem complicar com convulsões. Portanto, não há uma evolução linear entre as duas doenças.

Até 30% das convulsões ocorrem no momento do parto ou até 48h após o nascimento do bebê. As crises convulsivas duram em média 1 minuto e são geralmente precedidas por dor de cabeça, alterações visuais ou dor abdominal intensa. O tratamento é com sulfato de magnésio.

A presença de eclâmpsia é indicação para se induzir o parto após estabilização do quadro. O término da gravidez é o único tratamento curativo. 70% das gestantes com eclâmpsia que não interrompam a gravidez apresentarão complicações graves com risco de morte. Nas gestantes com idade gestacional baixa (menor que 32 semanas) pode se indicar a cesariana.

Veja vídeo e entenda melhor:





Fonte; http://www.mdsaude.com

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